Morreu Jorge Coelho
O antigo ministro Jorge Coelho faleceu esta quarta-feira. Sofreu um ataque cardíaco. Tinha 66 anos
O antigo ministro Adjunto, da Administração Interna e também do Equipamento Social Jorge Coelho morreu esta quarta-feira aos 66 anos. Sofreu um ataque cardíaco quando estava numa casa que tinha na Figueira da Foz. A notícia foi avançada inicialmente pela SIC Notícias, onde foi um dos comentadores da “Quadratura do Círculo”.
Jorge Coelho começou a vida política em 1969, apoiando a oposição ao regime em Viseu. Haveria de ser depois um dos fundadores da União Democrática Popular. Filiou-se no Partido Socialista em 1982 e logo nesse ano foi nomeado chefe do gabinete do secretário de Estado dos Transportes, Francisco Murteira Nabo.
Foi ministro nos dois governos liderados por António Guterres: primeiro, em 1995, assumiu funções como Adjunto e da Administração Interna, depois, em 2002, como responsável pelas obras públicas na pasta da Presidência e Equipamento Social. Demitiu-se após a queda da ponte de Entre-os-rios - na altura proferiu a frase marcante “a culpa não pode morrer solteira”.
Depois dos cargos públicos, e de cumprido o período de nojo estipulado, Jorge Coelho deixou de ser conselheiro de Estado em 2008 e chegou ao Grupo Mota-Engil como CEO. Dois anos antes tinha já renunciado ao mandato de deputado pelo PS e abandonado todos os cargos partidários.
Compunha o painel do programa de comentário e análise política “Quadratura do Círculo” (emitido pela SIC Notícias e que entretanto passou a ser transmitido pela TVI e TSF com o nome “Circulatura do Quadrado”). Depois de 12 anos de comentários abandonou-o, explicando que já já “não acompanhava todos os temas da atualidade”.
“Quem se mete com o PS leva” foi uma das frases que marcaram o percurso de Jorge Coelho. Corria março de 2001 e num discurso da campanha socialista usou a expressão para responder às acusações de Pires de Lima, na altura bastonário da Ordem dos Advogados, que acusou o Governo socialista de interferência nos tribunais e na justiça.
Nasceu a 17 de abril de 1954 - completaria dentro de dias 67 anos -. Era natural de Mangualde.
“Nem consigo aceitar”
Marcelo Rebelo de Sousa foi uma das primeiras vozes a lamentar a morte do antigo dirigente socialista. O Presidente da República disse estar “em choque” com a notícia, lembrando Jorge Coelho como um homem de “perspicácia analítica, espírito combativo, às vezes polémico mas de grande afabilidade e de abertura a todos os quadrantes e a todo o tipo de realidade”.
Em declarações à SIC Notícias, António Guterres, que liderou os dois Governos em que Coelho foi ministro, considerou ser “uma grande perda para o país”. “Era a alegria de viver, um homem de entusiasmo, de uma força interior, era a personificação da vida. Saber que ele morreu é algo que, sinceramente, nem consigo aceitar. É uma grande perda para o país, mas sobretudo uma grande perda para os amigos e eram muitos. Estamos todos desolados.”
António Lobo Xavier tinha falado ao telefone com o amigo e antigo companheiro do programa semanal de comentário político por volta das 13h30 desta quarta-feira e estava “longe de imaginar” o que iria acontecer. Em declarações à SIC Notícias, destacou a “enorme lealdade pelos amigos, promotor de amizade, fidelidade, sensibilidade, tolerância e respeito pelos outros”. E acrescentou: “Tinha uma legião de amigos, eu sou apenas mais um”.
Nota: a informação inicialmente avançada de que Jorge Coelho tinha morrido de ataque cardíaco seguido de acidente de viação estava incorreta. O antigo ministro estava em casa, na Figueira da Foz.